Diariamente sou abordada por desabafos de conhecidos desconhecidos que deambulam pela sala de aulas, da mesma forma que na sua vida.
Todos já nos sentimos incompreendidos num ou noutro determinado momento. Eu sempre o fui, quando patenteava que no instante em que observo o olhar de alguém, e me autorizam a penetrar no seu ser, conheço a pessoa. Será que não percebem que não se trata dos seus dados pessoais, mas sim da sua viagem neste mundo??
Naquele singelo ápice, sinto-o: se é triste ou alegre, conformado ou lutador, confuso ou lúcido, negativo ou optimista, sonhador ou real, materialista ou humano. Experimento uma série de emoções dificilmente descritíveis e para muitos, credíveis. Mas o certo é que à medida que os milhares de minutos passam, esses mesmo seres revelam a sua surpresa pelas palavras que liberto serem tão objectivas e direccionadas.
Num episódio mais recente, os conhecimentos de osteologia substituíram-se pelos valores reais com o que a actual sociedade convenciona e que, pelos vistos, enfraquecem a nossa auto-confiança. Foram muitos os olhares incrédulos perante o sopro de que toda a situação aflitiva, nebulosa e nefasta pela qual ouvimos desabafos constantes, é um delito causado, simplesmente, por todos nós. Valorizamos mais o físico que o EU espiritual e energético, esse mesmo EU que nos permite saltar da cama com alegria.
Muita tempestade ocorreu nesse dia ensolarado, com palavras que argumentavam que as directivas têm que acompanhar “os tempos”… mas ou será as vontades? Para “chegarmos lá” teremos de ser agressivos e materialistas mas… atingir o quê? O dinheiro e estatuto, a fama e regozijo? E esquecer a dádiva do presente, o calor de quem nos rodeia e as gotas que nos refrescam???
Todos os nossos passos têm refluxo, todo o nosso sistema nervoso fervilha ao segundo: silencia-lo ou desembaraça-lo?
“Imaginem”- proferi, “ que tenho nesta mão uma nota de 500 euros, quem a quer?” Instantaneamente, todos manifestaram desejo em a obter.
“ E se eu a dobrasse constantemente até ficar bem vincada, pequena e amolgada, quem a rejeitaria?” O ar envolvente já não foi invadido por alegres acenos.
“ Mas se repentinamente a soltar no chão e pisá-la com todo o meu peso inúmeras vezes, ainda a querem, mesmo estando mais amassada e suja?” Impressionantemente, não se escutou qualquer recusa, o que me levou a lançar a derradeira questão: “Independentemente do que lhe fizer, sabem porque a continuarão a pretender?”
A força das vozes revelou-se e duas palavras permaneciam: dinheiro e valor! Ânimos serenados, emiti a minha sentença:
“Nunca a recusarão porque sabem que apesar dos maus tratos que levou, não diminui o seu valor. Então porque não tentam transferir essa mesma ideia para o vosso interior e valorizarem-se?” Confesso que me diverti ao assistir à mudança de expressões, da total transparência de coerência, para a confusão eminente.
- “ Qual a relação do valor do dinheiro com o nosso interior? Como uma nota pode ser comparada a cada um de nós???
- A relação é tão simples e directa que não tem comparação”, mencionei. “ Mantemos o mesmo valor de uma nota, mesmo depois de ter sido submetida a maus tratos e quando o mesmo nos acontece, diminuimos o nosso valor de forma súbita e radical!”
Autora: eu própria :)