Abro os olhos e avisto… vejo-te. No mesmo instante foges, mas sigo o rasto azul que subsiste no aglomerado de pessoas que procuram o que não descobrem em si. Silenciosamente, flutuo de olhos fechados por cordilheiras e alcanço-te. Experimento diferentes sensações, apenas compreendidas por quem já encontrou o que perdeu.
Voltas-te, de sorriso apreensivo, e proferes palavras que não recordo: meu corpo transfigura-se e aborda o seu próprio sangue, num corpo que não é meu nem teu.
Quero atrasar o tempo e assistir ao alçar das gaivotas que beijam o pôr de sol, descobrir porque chora o céu e como navegar barcos de papel.
A eternidade de um minuto revela o germinar de saudade, que murcha as folhas que me revestem. Perscruto a existência de alguma raiz entre o nosso olhar mas és desprovido de qualquer emoção.
Deito-me sobre o meu manto, quando revejo no espelho a semente do tempo que não possui a minha alma e espero… o silvar do vento renova!