A Tomás, respondia
Uma singela criatura
Da transparência reluzia
Um sentimento que perdura.
“-Fantasma!” - bem alto avisava
Quem apenas com olhos o fitavam
Imediatamente esbracejava
Com o susto que lhe pregavam.
Até hoje sem compreender
Porque aqueles seres opacos
Fugiam, sem o conhecer,
Tropeçando nos buracos.
Tomás à noite insistia
Em vaguear pela aldeia,
Espreitando pelas janelas
Via todos sentados à ceia.
Um dia escutou
A pequena Inês confessar:
“Que triste estou,
Porque não começou a nevar?”
Pensou, “ todos me aceitariam
Se os telhados de branco cobrir
Como sou, todos saberiam
Se os fizesse sorrir”.
Ao amigo Tempo cobrou
Um antigo favor.
À aldeia regressou
Para assistir ao esplendor.
“Uff, que cansado estou
Mas valerá a pena
Quando ouvirem o cantor
Ao inicio da novena”.
Apenas 5 minutos esperou,
As vozes já afinadas
Ao Tempo avisou:
“ Agora, com as badaladas!”
Brilhantes flocos desciam
Sempre que o sino tocava,
As crianças corriam
E Inês rejubilava.
“ Oh que beleza
Nevar na noite de Natal
Obrigada Tempo pela proeza,
Para todos nós, especial.”
Sorridente o Tempo quis responder
“Vosso gritos assustam meu amigo Tomás.
A ele devem agradecer
Até porque não acredito em pessoas más.”
De faces vermelhas prometeram
Nunca mais fugir
De quem ainda não conheceram
Sem antes o ouvir.
Tomás apareceu alegremente
Agraciando tais presenças
“Na diferença,” –disse pausadamente
“Não devem existir sentenças!”
autora: euzinha para Fábrica de Histórias